É voz corrente dizer que juízes e médicos julgam-se de uma casta superior. Acima deles só os do governo, eles depois e isolados e muito em baixo os mortais, também denominados de contribuintes.
Não serão todos certamente, mas isso tem a ver com a imagem muito antiga, do século XIX, quando a maioria da população era analfabeta e em qualquer povoação o juiz e o médico eram considerados como seres raros e superiores. Isto a propósito de uma notícia muito divulgada ultimamente sobre o mau desempenho de uma equipa médica, quando um homem foi operado em Portugal em 1992, num hospital do Porto, e ficou com uma pinça na barriga, por descuido médico.
Em 1998, seis anos depois (6) é que tentaram retirar essa tal pinça, mas o doente faleceu durante essa intervenção cirúrgica.
A família reclamou e pediu uma indemnização. Os tribunais portugueses não resolveram nada, porque isso de mais pinça, menos pinça não é coisa que atrapalhe ninguém.
Felizmente Portugal pertence à União Europeia e de lá, mandaram dizer para cá, que a família deveria ter que ser indemnizada pelo Estado Português.
Serena e justa a decisão do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem que obriga Portugal pagar à família da vítima 32.500 euros mas só agora, passados 25 anos. O tempo que se perdeu, no Hospital de São João no Porto e nos Tribunais em Portugal…a falar com médicos e com juízes.
Manuel Peralta Godinho e Cunha
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